Deserto

Mergulhado na imensidão
convivo com um tipo específico de solidão
onde a sala lotada e sorrisos largos
travam uma terrível contradição

Um grão de areia jogado aos ventos soprosos
carregado na velocidade da luz,
misturado aos demais tortuosos 
sem saber o que o induz.

Tépido e tórrido deserto, 
senhor do vazio, faz evaporar
a unica gota de esperança.

Doce ironia, aos pés da grande 
massa d'água, onde a vida é banhada,
amarga ao gosto do sal corrosivo da maresia.

Autoral

Cadê


 
Por onde anda a igualdade?
Na esquina com a liberdade?
Ou na travessa com a franqueza?
Será que encontrou a gentileza?
 
Cadê a honestidade?
Visitou a sinceridade?
Será que se amigou da tolerância
para o alívio da prudência?
 
Onde andará o amor?
De mãos dadas com a dor?
Ou com a bela esperança?
Que quer se vir livre da matança.
 
Cadê a compaixão?
Saiu com a paixão?
Dormiu na casa da arrogância?
Irmã da ignorância?
 
E a humildade?
Está com a falsidade?
Que é amiga da violência?
Inimiga da vivência?
 
E a união?...
E o resto?...
Cadê?
Cadê?
                               

Folhas Caducas

  

A cada golpe de frio,
vejo as folhas amarelarem.
Retorcidas enfraquecem, caem,
adubam a terra.
Dispam-se as árvores!
O frio está chegando.
As aves enfeitam as árvores
que viram as noivas desnudas
nas tardes de maio.
Dispam-se as árvores!
Para o frio sulino.
Os ventos varrem as folhas
quebrantas de tantas plantas
mundo a fora.
Dispam-se as árvores!
As folhas caíram e despidas,
as árvores parecem encolher de frio.
Aguentem, pois tudo que começa,
termina de um jeito alucinante.